quarta-feira, 26 de maio de 2010

O combate espiritual segundo SÃO BENTO


O resumo de toda a Lei de Deus está no mandamento do amor: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. O pecado nos leva a perverter esta ordem: Amar a si mesmo e as coisas acima do próximo, julgando-se igual a Deus. A Luta Espiritual nos leva a renunciar a esta idolatria do “eu” procurando a libertação do pecado e a volta ao verdadeiro amor. É isto que significa as inúmeras passagens de Jesus: perder para ganhar, últimos serão os primeiros, servo se torna Senhor, e mesmo o magníficat: derruba os poderosos de seu trono e eleva os humildes.

As três brechas
São Bento encontrou três brechas por onde o inimigo pode entrar em nosso coração. A luta espiritual acontece aí nestes lugares de maior fragilidade humana e espiritual. É nestas brechas que precisamos maior vigilância.

Primeira brecha: A COBIÇA

É a idolatria das coisas. Por exemplo, fazer do dinheiro um deus. É o apego às coisas da terra. São Bento coloca como símbolo desta brecha o porco, pois seu focinho está sempre ligado ao chão. Curioso observar no Evangelho que o filho pródigo, após ter gastado todos os seus bens, foi trabalhar no meio dos porcos. Nesta brecha a luta acontece na reorientação dos desejos. É preciso conquistar uma atitude de oblação, de generosidade, desapego. É neste sentido que os religiosos fazem o voto de pobreza.

Segunda brecha: A VAIDADE

É a idolatria do outro como objeto de prazer. É a necessidade de ser reconhecido e amado distorcida, pois esquece da relação de fraternidade com o próximo e pensa apenas em si mesmo. A vaidade se torna neste caso motivação até de coisas boas, mas no fundo está o apego idólatra aos elogios e a toda espécie de prazer. É fazer tudo só pelo interesse de ocupar o primeiro lugar, ser bem visto pelos outros, elogiado, ter status, ser admirado. Aqui São Bento usa o símbolo do Pavão. É preciso reorientar esta necessidade natural e boa de ser reconhecido e amado. É dizer com sua vida e todo o seu coração: Senhor, vosso é o Reino, o Poder e a Glória. Se na primeira brecha, a atitude de desapego era uma garantia de vitória, nesta segunda brecha é necessário perseguir a atitude da solidariedade, do diálogo, da comunhão com Deus e com próximo. Para isso é fundamental a mansidão e a simplicidade. É neste sentido, de reorientar todos os afetos para o serviço da comunhão, que os religiosos fazer voto de castidade.

Terceira brecha: O ORGULHO

É querer dominar tudo para si. Ser um verdadeiro deus. É a idolatria de “si mesmo”. Aqui São Bento ilustra com o símbolo da águia. O orgulho é a origem de todos os pecados. É pelo orgulho que o homem se separa de Deus e procura sua independência. É necessário perseguir a virtude da humildade. Na luta espiritual, às vezes Deus nos da a graça da humilhação (Cf. Eclo 2) como uma espécie de exercício para crescermos na humildade e vencermos a brecha do orgulho. Neste sentido os religiosos fazem o voto de obediência.

Todas estas brechas estão descritas em Gn 1-11

1 COBIÇA: Idolatria das coisas (árvore, frutos…)
2 VAIDADE: Idolatria do outro como objeto (Caim)

3 ORGULHO: Idolatria de si mesmo (sereis deuses…)

Jesus venceu todas estas brechas (Cf. Mt 4,1-10)

1. Cobiça: estar seguro contra a falta de alimento


2. Vaidade: fazer um milagre diante das multidões


3. Orgulho: dominar o mundo

Joio e trigo misturados no coração

É preciso reorientar os desejos de acordo com o amor segundo o qual fomos criados:
1. Cobiça X desejo natural de viver, produzir, inventar


2. Vaidade X desejo natural de ser reconhecido, amado


3. Orgulho X desejo natural de organizar, dirigir

Pe. Joãozinho, scj
fonte: blog.cancaonova.com/padrejoaozinho

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