O Canto Litúrgico
Por que cantar a missa?
A primeira indagação que podemos fazer no início desta série é: por que a Santa Missa necessita de música? É apenas para acrescentar beleza ou parte essencial?
Sabemos que uma Celebração Eucarística pode acontecer sem música e sem canto, pois o essencial da Missa são os ritos e claro, o Santo Sacrifício e a Comunhão. Porém, desde o início da humanidade, no Antigo Testamento, vemos a presença da música como aquilo que impulsiona e celebra.
• O tocar dos instrumentos levantava o povo e declarava a importância dos acontecimentos:
“O Senhor disse a Moisés: ‘Dize aos israelitas o seguinte: no sétimo mês, no primeiro dia do mês, haverá para vós um dia de repouso, solenidade que publicareis ao som da trombeta, uma santa assembléia’.” (Lev 23, 23-24)
“Faze para ti duas trombetas de prata: faze-as de prata batida. Elas te servirão para convocar a assembléia e para dar o sinal de levantar o acampamento.” (Nm 10, 2)
• Os músicos iam à frente das batalhas, adiante dos guerreiros e cavaleiros, já proclamando a vitória:
“Os homens de Judas tocaram a trombeta e atacaram. Os pagãos foram derrotados.” (I Mc 4, 13)
“Exatamente no mesmo dia e mês em que os pagãos o tinham profanado, o altar foi consagrado em meio a cânticos e música ao som de cítaras, harpas e címbalos. Todo o povo se prostrou por terra, adorando e louvando a Deus, que lhes tinha dado o sucesso.” (I Mc 4, 54s)
• O rei Davi celebrava com júbilo ao Senhor:
“Davi e toda a casa de Israel dançavam com todo o entusiasmo diante do Senhor, e cantavam acompanhados de harpas e de cítaras, de tamborins, de sistros e de címbalos.” (II Sm 6, 5)
Assim, nos confirma o Catecismo da Igreja Católica ao dizer que cantos e salmos inspirados, acompanhados por instrumentos musicais, já aparecem intimamente ligados às celebrações litúrgicas da antiga aliança, isto é, nos primórdios da Igreja, e por isso hoje se continua e desenvolve esta tradição (CIC 1156).
O apóstolo Paulo nos exorta, ainda, a “recitar, uns com os outros, salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração” (Ef 5, 19).
É também o Catecismo que nos responde à pergunta inicial: “O canto e a música desempenham sua função de sinais (sinais litúrgicos como vestes, cores, etc.) de maneira tanto mais significativa por ‘estarem intimamente ligados à ação litúrgica’, segundo 3 critérios principais: 1) a beleza expressiva da oração, 2) a participação unânime da assembléia nos momentos previstos e 3) o caráter solene da celebração.” Continua o texto explicando que a finalidade da música na missa é a mesma das palavras e das outras ações litúrgicas: é dar glória a Deus e santificar os fiéis. (CIC 1157)
Sendo a música mais um canal dentro da celebração litúrgica para dar glória a Deus e para santificar os fiéis, assim o faz por meio da sua própria natureza de ser bela e tornar mais expressiva a nossa oração – sendo por isto importante executar bem os cantos, e que os ministros dêem o melhor de si –, por tornar possível a participação de toda a assembléia durante a execução de um canto – os fiéis devem ser estimulados e permitidos a cantar nos momentos oportunos, para participarem ativamente por meio da música – e por ter a propriedade de tornar mais solene a celebração – o que ressalta a importância de escolher bem os cantos de acordo com a liturgia e o tempo.
Assim, a música é serviço dentro da missa, devendo estar em busca desta finalidade litúrgica. Para tanto, a Igreja, que é mãe, nos ensina como proceder, através da própria Liturgia, expressa na Instrução Geral do Missal Romano, no Catecismo da Igreja Católica, e em outros documentos redigidos especialmente para este fim.
Nossa primeira norma de conduta, como músicos, seja preservar e observar aquilo que glorifica a Deus e nos leva à santidade: a Liturgia. Somos verdadeiros servos quando nos detemos em estudar e a pôr em prática o que nos diz a Igreja e a Palavra. Assim possamos servir e celebrar dignamente o Santo Sacrifício do Altar!
Santa Cecília, rogai por nós!
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